Tudo o que lemos é apurado pelos editores que escolhem o que publicar em função do mercado. Dessa forma, o texto que chega às nossas mãos já é fruto de um recorte e de uma seleção.
Ler e escrever são ações que se inserem num processo cultural. A leitura é produção de sentido. O texto produto de um trabalho anterior. O leitor é o desafiador da leitura do texto do autor.
Ler não é revelar, repetir sentidos dados como acabados, é construir uma cadeia de sentido,tomando como ponto de partida os índices do texto dado.
Ler, do latim, legere, numa primeira instância significava contar, enumerar letras; em seguida, significava colher e, por último roubar.
Ler é uma ação interativa. A leitura funcional ou operacional é a que se faz em busca do conhecimento nos livros didáticos, nas enciclopédias, etc.
Aluno e professor precisam recorrer à leitura como meio de conhecimento. Dessa forma, ela não é de responsabilidade apenas do professor de língua portuguesa. A leitura funcional está mais engajada ao conhecimento e deve, portanto ser planejada de forma didática. Ela é um instrumento importante para a aquisição da leitura, mas, todavia de caráter técnico.
A leitura formativa ou de opinião é, conforme Graça Paulino, a que deseja, por exemplo , o texto jornalístico, principalmente o editorial. Seria a leitura obediente ao texto de opinião. Esse tipo de texto pretende convencer o leitor. Mesmo a mais objetiva notícia de jornal traz em si uma ideologia, que cabe ao leitor desvendar. Para isso é necessário recorrer à leitura crítica.
A leitura crítica busca a formação de opinião do leitor, conduzindo-o à análise e, posteriormente à reflexão de aceitabilidade ou não do que se lê.
A leitura crítica gera outra forma de interdisciplinaridade, além de fazer cumprir a meta de se desenvolver a leitura funcional.
A leitura literária é ato da leitura como aquisição de desejo. Cada um projeta no texto lido seus anseios, seus desejos, suas angústias e pulsões.
É necessário também refletir sobre a postura corporal cobrada pela escola, sobretudo, no momento da leitura: o movimento dos olhos, a ausência do movimento dos lábios, a repressão do movimento de seguir a linha com o dedo, etc. O domínio da leitura começa aí, na restrição dos movimentos corporais. Em casa, lemos deitados ou sentados de pernas para o ar, rimos ou choramos durante a leitura, manifestando nossas emoções, nossos sentimentos.
Ler é também preencher lacunas, estabelecer relações, fazer perguntas. O texto é fruto de uma produção, do preenchimento de um espaço vazio, é pois, produto, mas, no momento em que se abre ao leitor, instaura-se um novo processo: o de leitura enquanto produção.
A formação do leitor não se dá apenas através da leitura, mas também do conhecimento de onde ela parte, a sua utilidade: para que/ por quem/ para quem / o que é / e quem é... Desta forma sobrepõe ao universo do leitor uma série de novos conceitos sobre a arte, qual ele, aos poucos vai se inserindo, tornando-se capaz de se transformar, também, num grande produtor ou idealizador dela.
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